"Jardins"

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Alguma coisa me aconteceu
E tudo parece fugir para outro lugar
Estrelas tristes tentam me explicar
E nada acontece se dissipam todas pelo ar

Há medo em meu jardim
Pois uma rosa disse adeus pra mim
Mas tudo tem um fim eu sei
Só não sonhava que seria assim

Aonde quer que você vá
Eu quero te encontrar
Por onde você for

Eu preciso de mais
Eu preciso mais
Preciso de você aqui

Arco-íris Na Escuridão

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Quando aparece um raio, você sabe que ele sempre me derruba
Pois ele é livre e eu vejo que sou eu
Quem está perdido e jamais encontrado
Eu clamo por magia, eu a sinto dançando na luz
Ela estava fria, eu perdi meu controle
Para as sombras da noite

Não há nenhum sinal da manhã chegando
Você foi deixado sozinho
Como um arco-íris na escuridão
Um arco-íris na escuridão

Seus demônios, eles sempre te deixam ir?
Quando você tentou eles se esconderam bem no fundo
É alguém que você conhece?
Você é apenas um retrato, uma imagem pega a tempo
Nós somos uma mentira, você e eu
Nós somos palavras sem rima

Não há nenhum sinal da manhã chegando
Você foi deixado sozinho
Como um arco-íris na escuridão
Apenas um arco-íris na escuridão
Sim!

Quando aparece um raio, ele sempre me derruba
Pois ele é livre e eu vejo que sou eu
Quem está perdido e nunca encontrado
Eu sinto a magia, eu a sinto flutuando no ar
Mas isso é medo, e você ouvirá
Ele chamando você cuidadosamente
Cuidado!

Não há sinal da manhã chegando
Não há nenhuma visão do dia
Você foi deixado sozinho
Como um arco-íris
Como um arco-íris na escuridão

Sim!
Você é um arco-íris na escuridão
Apenas um arco-íris na escuridão
Não há sinal da manhã
Você é um arco-íris, na escuridão

"Omnia Cinis Aequat"

11:40 / Postado por Theologia Cidade Paradoxo / comentários (0)


Lembro de nós dois
Sorrindo na escada aqui
Estava tudo tão bem
E de repente acabou


Vozes no portão
Passos no saguão
Poderia ser você
Mas faz tempo que partiu


Deixou algo aqui, e pouco a pouco encontro seus sinais


Menos de um segundo e eu já perco o ar
Quase um minuto, quero te encontrar
É um sentimento que preciso controlar
Porque você se foi
Não está aqui


Tudo que ficou
Mexe com meu interior
Isso afeta meus sentidos
Foi o seu cheiro que sumiu


Tudo acabou, interrompeu-se tudo que existiu


Menos de um segundo e eu já perco o ar
Quase um minuto, quero te encontrar
É um sentimento que preciso controlar
Porque você se foi
Não está aqui


Partiu num dia qualquer
Sem ao menos dizer adeus
E o que ficou?
Um coração que sofre
Como quem espera a próxima entrada da estação
E o que separa o frio do calor
É a emoção de saber que vou
Poder te reencontrar um dia
Eternamente te encontrar
Eternamente encontrar você


Menos de um segundo e eu já perco o ar
Quase um minuto, quero te encontrar
É um sentimento que preciso controlar
Porque você se foi
Não está aqui

Søren Kierkegaard e o Cristianismo

21:07 / Postado por Theologia Cidade Paradoxo / comentários (0)


O problema objetivo consiste numa investigação acerca da verdade do cristianismo. O problema subjetivo diz respeito à relação do indivíduo com o cristianismo. Para pôr as coisas de forma simples: como é que eu, Johannes Climacus [Kierkegaard], posso participar da felicidade prometida pelo cristianismo? …
Partindo do princípio de que não há problemas com as Escrituras — o que se segue? Uma pessoa que antes não tinha fé passou a estar um só passo mais próximo de a ter? Não, nem um só passo. A fé não resulta da investigação científica; não tem de todo uma origem direta. Pelo contrário, nesta objetividade há a tendência para perder o interesse pessoal infinito pela paixão que é a condição da fé, o ubique et musquam no qual a fé pode brotar. Uma pessoa que antes tinha fé ganhou algo no que respeita à sua força e poder? Não, nem de longe. Em vez disso, aquilo que ocorre é que, neste volumoso conhecimento, nesta certeza que espreita à porta da fé e ameaça devorá-la, ela está numa situação tão perigosa que precisará esforçar-se muito, cheia de medo e a tremer, para que não caia vítima da tentação de confundir conhecimento com fé. Apesar de a fé ter tido até agora um mestre-escola eficaz na incerteza existente, teria na nova certeza o seu mais perigoso inimigo. Pois, se a paixão for eliminada, a fé deixa de existir, e a certeza e a paixão não coexistem. Quem quer que acredite que há um Deus e uma providência que tudo governa achará mais fácil preservar a sua fé, mais fácil adquirir uma coisa que é definitivamente fé e não uma ilusão, num mundo imperfeito em que a paixão é mantida viva do que num mundo absolutamente perfeito. Num tal mundo, a fé é … impensável.
Assumo agora o oposto, que os adversários conseguiam provar o que desejam sobre as Escrituras, com uma certeza que transcende a vontade mais ardente da hostilidade mais entusiástica — e daí? Aboliram com isso o cristianismo? De modo algum. Foi o crente lesado? De modo algum, nem um bocadinho. O adversário tornou legítimo ser liberto da responsabilidade de não ser crente? De modo algum. Lá porque estes livros não são escritos por estes autores … e não são inspirados não se segue … que Cristo não existiu. Até agora, o crente é igualmente livre para assumi-lo. …
Eis o ponto essencial da questão, e retorno ao caso da teologia culta. Em prol de quem é a prova procurada? A fé não precisa dela e deve até vê-la como sua inimiga. Mas quando a fé começa a sentir-se embaraçada e envergonhada, como uma donzela para quem o seu amado já não é suficiente, mas que se sente secretamente envergonhada do seu amante e tem, portanto, de pensar que há algo de notável nele — quando a fé começa deste modo a perder a paixão, quando a fé começa a deixar de ser fé, então torna-se necessária uma prova para merecer o respeito do lado da descrença. … A filosofia ensina que deve tornar-se objetiva, ao passo que o cristianismo ensina que deve tornar-se subjetiva, isto é, tornar-se um sujeito na verdade. … O cristianismo deseja intensificar a paixão ao seu mais alto grau; mas a paixão é subjetividade e não existe objetivamente. …
Pode-se presumir, então, que a tarefa de tornar-se subjetivo é a tarefa mais elevada e uma tarefa proposta a todos os seres humanos; tal como, analogamente, o prêmio mais elevado, uma felicidade eterna, existe apenas para aqueles que são subjetivos; ou melhor, passa a existir para os indivíduos que se tornam subjetivos.
Quando a questão da verdade é colocada de forma objetiva, a reflexão é dirigida objetivamente para a verdade como um objeto com o qual aquele que conhece está relacionado. Contudo, a reflexão não está focada na relação, mas na questão de saber se é a verdade com a qual aquele que conhece está relacionado. Se apenas o objeto com que ele está relacionado é verdadeiro, o sujeito é considerado estar na verdade. Quando a questão da verdade é levantada subjetivamente, a reflexão é dirigida subjetivamente para a natureza da relação individual; se apenas o modo desta relação está na verdade, o indivíduo está na verdade mesmo que ele esteja assim relacionado com o que não é verdade. Tomemos como exemplo o conhecimento de Deus. Objetivamente, a reflexão é dirigida ao problema de saber se este objeto é o Deus verdadeiro: subjetivamente, a reflexão é dirigida para a questão de saber se o indivíduo está relacionado com uma coisa de tal maneira que a sua relação é na verdade uma relação-com-Deus. … O indivíduo existente que escolhe prosseguir o caminho objetivo entra no processo-de-aproximação completo pelo qual se tenta revelar Deus objetivamente. Mas isto é totalmente impossível, porque Deus é um sujeito e, portanto, existe para a subjetividade apenas na interioridade. A ênfase objetiva incide no que é dito, a ênfase subjetiva no como é dito. Esta distinção mantém-se mesmo no reino estético e recebe uma expressão precisa no princípio de que é em si mesmo verdade pode na boca de tal e tal pessoa tornar-se falso … Objetivamente o interesse está focado unicamente no pensamento-conteúdo, subjetivamente na interioridade. No seu máximo este “como” interior é a paixão do infinito, e a paixão do infinito é a verdade. Mas a paixão do infinito é completa subjetividade e, assim, a subjetividade torna-se a verdade. … Apenas na subjetividade existe determinação para procurar o fator e não o seu conteúdo, pois o seu conteúdo é precisamente ele próprio. Desta forma, a subjetividade e o seu “como” subjetivo constitui a verdade. … Eis aqui uma tal definição de verdade: uma incerteza objetiva agarrada rapidamente num processo de apropriação da mais apaixonada interioridade é a verdade, a verdade mais elevada que um indivíduo existente pode atingir. …
Mas a definição acima de verdade é uma expressão equivalente da fé. Sem riscos não há fé. A fé é exatamente a contradição entre a paixão infinita da interioridade individual e a incerteza objetiva. Se sou capaz de captar Deus objetivamente, não acredito, mas precisamente porque não sou capaz de fazer isto tenho de acreditar. … Sem risco não há fé e quanto maior o risco maior a fé; quanto mais é a segurança objetiva menos é a interioridade (pois a interioridade é precisamente subjetividade), e quanto menos é a segurança objetiva mais profunda é a interioridade possível. Quando o paradoxo é em si mesmo paradoxal repele o indivíduo em virtude do seu absurdo e a paixão correspondente à interioridade é a fé.
Quando Sócrates acreditou que havia um Deus, ele agarrou-se rapidamente à incerteza objetiva com toda a paixão da sua interioridade, e é justamente nesta contradição e neste risco que a fé tem as suas raízes. Agora é de forma diferente. Em vez da incerteza objetiva, há aqui uma certeza, a saber, que objetivamente é absurdo; e este absurdo, agarrado rapidamente na paixão da interioridade, é fé. A ignorância socrática é uma espécie de brincadeira genial em comparação com a seriedade perante o absurdo; e a interioridade existencial socrática é uma frivolidade grega em comparação com a enérgica gravidade da fé. Devido à sua repulsão objetiva o absurdo é precisamente a medida da intensidade da fé na interioridade. Suponha um homem que deseje adquirir a fé; deixe a comédia começar. Ele deseja ter fé, mas ele deseja também proteger-se por intermédio de uma investigação objetiva e do seu processo-de-aproximação. O que acontece? Com a ajuda do processo-de-aproximação o absurdo torna-se algo diferente; torna-se provável, torna-se progressivamente provável, torna-se extrema e enfaticamente provável. Agora ele está pronto a acreditar nisso, e ele aventura-se a afirmar para si mesmo que não acredita como os sapateiros e os alfaiates e o povo simples acredita, mas apenas após uma longa deliberação. Agora ele está pronto a acreditar nisso; e, vejam só, agora tornou-se completamente impossível acreditar nisso. Algo que seja quase provável, ou provável, ou extrema e enfaticamente provável, e algo que ele pode quase conhecer, ou tão bom como conhecer, ou extrema e enfaticamente quase conhecer — mas é impossível acreditar…

Para quem foi Exílio?

06:32 / Postado por Theologia Cidade Paradoxo / comentários (0)

Creio que aqui temos o verdadeiro sentido da história do exílio. Descobrimos que a história oficial de Isra-El no livro dos Reis é a história dos reis. A história das Crônicas não é melhor visto que é a história somente dos reis de Judá, sem Isra-El, o Reino do Norte. Esta é uma história de ricos e burgueses, pois a riqueza numa sociedade organizada segundo o modo de produção tributário coincide com o rei e seus ministros.

O exílio babilônico (598-597 a.e.C) não é o exílio de Judá, e sim o exílio da família real, de seus servos, os ricos e o clero religioso (2ªRs.24.14). Dez mil pessoas foram exiladas. A população de Judá pode ser calculada em 250 mil nessa época, isso significa 4% da população. A massa camponesa foi deixada. Houve uma segunda deportação em Jerusalém (587-586 a.e.C), na corte e no templo de Zedequias – perfazendo 832 pessoas (Jr.52.28s).

Quem é que Deus castigava com o exílio, devido aos seus pecados? É evidente que é os reis e seus amigos mais do que íntimos. Nem todos da população sofreram as agruras do exílio, mas os seus problemas maiores se deram quando os exilados voltaram da Babilônia  e exigiram suas terras de volta das mãos dos camponeses (Ne.5). O julgamento de Javé sobre Isra-El, Reino do Norte, é bem mais duro e ambíguo (2ªRs.17.20-23).

Judá também não é melhor que Isra-El, pois, de seus vinte monarcas, somente cinco tiveram algum grau de positividade em suas gestões reais. Somente Josias recebeu elogio (2ªRs.20.2). Podemos concluir que realmente o castigo do exílio foi para os reis, ricos e religiosos de Jerusalém. O povo pobre nem peca escandalosamente e nem sofre castigos por isso. Ao contrário, descobrimos na Sagrada Escritura que a opção de Deus é pelos pobres.

Soli Deo Gloria!

Pr. Haroldo Evangelista